sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

A novela russa

Ontem (19/02) a Justiça russa declarou inocentes os três suspeitos pela morte da jornalista Anna Politkovskaya (Sergei Khadzhikurbanov e dos dois irmãos tchetchenos Dzhabrail e Ibragim Makhmudov), assassinada a tiros na porta de sua casa, em outubro de 2006. Anna era conhecida por suas críticas ferrenhas ao governo russo de Vladimir Putin e especula-se que Kremlin tenha tido participação na morte da jornalista. Na época de sua morte, ela publicava no Novaya Gazeta, jornal onde trabalhava, reportagens com denúncias de corrupção no governo.

Mas eis que a novela ganha hoje (20/02) um novo capítulo. Um juiz reabriu o processo de investigação da morte de Anna. Para o juiz, já que os antigos suspeitos foram inocentados, a busca pelos verdadeiros culpados pela morte da jornalista deve proseguir.
Advogados da família de Politkovskaya afirmaram que os três homens eram apenas fantoches e que os verdadeiros assassinos - incluindo o suspeito de ter apertado o gatilho e quem quer que tenha ordenado a morte - estão a solta.

A morte de pessoas contrárias ao governo russo não é uma novidade no país. O caso de Anna é um dos mais famosos, mas não é raro aparecer notícias de outros jornalistas ou ativistas de Direitos Humanos morrendo na Rússia. Em comum, sua posição crítica ao governo. Ou seja, desconfiar do Estado russo nesses casos é uma associação quase lógica, automática.

A boa notícia nesse caso é que, para os que achavam que o caso da morte de Anna se encerraria com a absolvição dos três suspeitos, a reabertura do processo foi uma ducha de água gelada - como a dos mares russos - nos verdadeiros culpados. E seja eles quem forem, ligados ao governo ou não, devem ser punidos. E se isso ocorrer de fato, será muito saudável para a Rússia. E vai expor o que o atual estabilishment quer esconder - por um motivo ou outro.

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