segunda-feira, 1 de março de 2010

Começa o julgamento de Karadzic

Enfim, o ex-líder político dos sérvios na Bósnia, Radovan Karadzic, dá as caras no Tribunal de Haia (Holanda), onde responde por genocídio no Tribunal Penal Internacional para a antiga Iugoslávia. As três primeiras audiências foram boicotadas pelo ex-líder sérvio, sob alegação de não ter tido tempo de preparar sua defesa.

Karadzic, que está preso desde julho de 2008, é acusado de promover, durante a Guerra da Bósnia (1992-1995), uma limpeza étnica que deixou 100 mil mortos e outros 2, 2 milhões de desabrigados. Ele pode ser condenado à prisão perpétua, mesma pena a qual estava sujeito o ex-presidente sérvio Slobodan Milosevic, que se suicidou em 2006 enquanto ainda estava sendo julgado em Haia.

Em sua defesa, o ex-líder sérvio evoca o nacionalismo e diz defender uma causa que chama de "justa e sagrada".

"Me encontro diante de vocês não para defender o simples mortal que sou, e sim para defender a grandeza de uma pequena nação na Bósnia-Herzegovina, que teve que sofrer durante 500 anos, a república autoproclamada dos sérvios da Bósnia".

Os 500 anos aos quais Karadzic se referem correspondem ao tempo em que a Sérvia passou sob domínio do Império Otomano, que durou de 1389 a 1875, quando o Tratado de Santo Steáfano reconheceu sua independência e a de outras nações balcânicas.

Karadzic foi presidente da república sérvia da Bósnia (hoje, é a tal república é a Sprska, uma das entidades que atualmente formam a federação bósnia). Desde a independência do Kosovo, em fevereiro de 2008, políticos dessa república tentam promover um referendo sobre a continuidade da região como parte da Bósnia ou como um novo país na região – o mais provável, no entanto, seria que um futuro governo pós-separação da Bósnia levaria a região a uma incorporação à Sérvia.

As atenções sobre o Tribunal de Haia devem aumentar este ano, em que completam-se 15 anos do massacre de Srebrenica e do fim da Guerra da Bósnia. Os julgamentos e possíveis condenações podem ser vistos pela comunidade internacional como um bom acerto de contas – mesmo que tardio – com os responsáveis pelo primeiro genocídio em solo europeu após a Segunda Guerra Mundial.

Agora, se tais possíveis condenações poderão trazer um pouco de paz e estabilidade aos Bálcãs, aí é outra história...

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