quinta-feira, 10 de junho de 2010

Inimigos ontem, aliados hoje

O inimigo de ontem pode vir a ser o aliado de amanhã. Essa frase se aplica bem à atual relação entre Turquia e Sérvia.

Só para relembrar: foi em uma batalha contra os turcos (a famosa Batalha do Kosovo, de 1389) que o então Império Sérvio teve sua expansão brecada pelos Bálcãs. Além do mais, perdeu sua independência e passou para o domínio dos vencedores, os otomanos, de onde saiu somente em 1875. Nos gritos nacionalistas sérvios, o ódio aos turcos – e ao que possa vir a ter alguma ligação com eles – é um elemento comum.

Rivalidades à parte, Turquia e Sérvia hoje têm muito mais convergências do que divergências. Ambos tentam o ingresso na UE, mas são vistos com desconfiança pelos demais países-membros. Ambos convivem com o separatismo à porta – enquanto s turcos têm seu maior problema em relação aos curdos a Sérvia tem no Kosovo uma dor de cabeça ainda maior, já que mesmo sem plena aceitação internacional, a separação da antiga província de maioria albanesa é praticamente irreversível.

Com tantos pontos em comum, não é de se admirar que haja uma aproximação entre os dois governos em prol de um peso maior para ambos no cenário regional e europeu. As pretensões turcas ficaram bem evidentes no post anterior. Já os sérvios querem apagar a má impressão com a qual ficou após as guerras que dissolveram a antiga Iugoslávia. Até mesmo pediram desculpas aos bósnios pelo massacre de Srebrenica, que completará 15 anos em julho, e estão empenhados na caça aos responsáveis pelo episódio. Um deles, Karadzic, já está preso e sendo julgado no Tribunal de Haia; o outro, Mladic, ainda está foragido.

A situação é mais favorável à Sérvia, de fé cristã ortodoxa. A Europa não consegue engolir com facilidade a possibilidade de um país islâmico como a Turquia ingressar na UE. A batalha promete ser longa para ambos.

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