sexta-feira, 11 de junho de 2010

Tito, por dois jovens

Líder estadista e herói para alguns, déspota e assassino para outros. As opiniões sobre Tito na antiga Iugoslávia oscilam entre esses dois extremos. É verdade que Tito foi o artífice da libertação da Iugoslávia do jugo nazista na Segunda Guerra Mundial, mas também exerceu com mão de ferro seu governo sobre o país até morrer, em 1980.

Essas impressões sobre Tito ficam ainda mais fortes ao conversar com pessoas que vivem na região da antiga Iugoslávia. A admiração pelo antigo líder é maior entre as pessoas mais velhas. As mais jovens tendem a apresentar uma visão mais crítica do antigo governante, como a estudante de Medicina sérvia Ivana Vukovic, que vive em Belgrado. “Na verdade, a opinião geral é de que ele era um bom político, mas ele ferrou com a Sérvia e até hoje sofremos as consequências de sua época”.

Visão parecida com a de Ivana tem Ivo Marinovic, de Mostar (Bósnia Herzegovina). “Durante sua ditadura, Tito fez coisas boas e ruins. Ele construiu cidades, pontes, não faltava nada à população – se bem que não havia muitas opções, além de produtos iugoslavos, russos e de outros países do bloco soviético. Mas as pessoas eram como pássaros em uma gaiola, sem liberdade de expressão, para trabalhar ou viajar”, explica.

Marinovic também dá uma mostra de como Tito manteve, sob relativa harmonia, os povos que compunham a antiga Iugoslávia. “Na época, era crime você se dizer croata, por exemplo”.

As opiniões acima revelam como a questão sobre Tito e a história dos Bálcãs são muito mais complexas do que se imagina. E que os 30 anos da morte de Tito e as quase duas décadas de esfacelamento da Iugoslávia ainda permanecem como feridas mal cicatrizadas na região dos Bálcãs.

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