segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Bem vinda ao euro, Estônia. Ou não...

Em 1º de janeiro a Estônia se tornou o 17º país a adotar o euro, no lugar da coroa estoniana. Integrante da União Europeia (UE) desde 2004, é também a primeira ex-república soviética a aderir à moeda comum do bloco. Já as vizinhas Letônia e Lituânia, também egressas da antiga União Soviética (URSS) e integrantes da UE, ainda não atingiram os requisitos para adotarem a unidade monetária: finanças públicas em dia, estabilidade de preços e de taxa de câmbio, convergência das taxas de juros no longo prazo, independência do banco central nacional em relação ao governo, entre outros.




A situação econômica da Estônia é relativamente estável, com dívida pública reduzida e um orçamento quase equilibrado, que habilitam o país a adotar a moeda. O Banco Central Europeu (BCE) já chama o novo membro da zona do euro de “tigre báltico”.

Mas, enquanto o governo estoniano e outros países europeus comemoram, a adesão não encontra apoio maciço da população. Uma pesquisa feita no país aponta que apenas 49% dos estonianos se mostram favoráveis ao ingresso na zona do euro, enquanto outros 43% dizem ser contrários.

O principal motivo é a situação instável do próprio euro, que vive sua maior crise desde que foi criado, em 1999. Antes considerada uma moeda de estabilidade incontestável, tem hoje essa virtude contestada no mercado financeiro global. A entrada da Estônia na zona do euro é considerada precipitada pelos críticos da adesão. Para eles, era preciso esperar mais um tempo para avaliar até onde poderia chegar a crise na moeda comum europeia.


O fato de a Estônia ser considerada um exemplo econômico dentro da UE não chega a ser um argumento a favor do “tigre báltico”. A Irlanda – chamada no passado de “tigre celta” devido ao grande crescimento econômico e vista como modelo dentro da UE – atravessa atualmente uma grave crise financeira, que teve como origem o setor imobiliário. Para tentar fechar as contassendo obrigada a fazer cortes no orçamento para tentar fechar as contas públicas.

Ao mesmo tempo que a adoção do euro pela Estônia pode significar uma demonstração de força da moeda frente à crise que enfrenta, também lança dúvidas sobre o país, que também atravessou fortes solavancos entre 2008 e 2009, levando o país a promover um grande corte de gastos para reequilibrar as finanças. Tais medidas, apesar de terem permitido à Estônia atingir os pré-requisitos para aderir ao euro, não foram bem recebidas pela população – o que explica a desconfiança de parcela da sociedade estoniana sobre a nova moeda do país.

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