quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Qual será o destino de Chernobyl?

Pouco se fala sobre Pripyat. É uma cidade pequena, localizada na região norte da Ucrânia, perto da fronteira com a Bielorrússia. Fundada na década de 1970, chegou a contar com cerca de 50 mil habitantes. Hoje é apenas uma cidade fantasma.

Pripyat pode ser um local praticamente desconhecido do grande público, mas o motivo que a jogou em um caixão a céu aberto é outro. Na verdade, foi vítima do próprio local que impulsionou seu surgimento e crescimento – este sim tem um nome para lá de conhecido, que por si só virou sinônimo de tragédia e destruição: Chernobyl.


A cidade fantasma fica a apenas 18 km da velha usina nuclear, a primeira construída na Ucrânia, então parte da União Soviética. A explosão de um dos reatores de Chernobyl liberou uma radiação 100 vezes maior do que a das bombas lançadas sobre as cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki. Foi criada a chamada “zona de exclusão”, que engloba um raio de aproximadamente 48 km do local da explosão. Uma área na qual ninguém poderá residir pelos próximos mil anos.

As fotos que estão neste blog podem ser encontradas no site http://pripyat.com/en/, que conta com uma extensa galeria de imagens, chocantes e desoladoras.

O destino de Chernobyl, no entanto, é incerto. Um deles é a construção de um “sarcófago” para lacrar as ruínas da usina. O outro é, acreditem ou não, transformar Chernobyl em um ponto turístico.

Já existe um lacre provisório, de concreto, feito às pressas pelos soviéticos logo depois da explosão. O improviso, no entanto, além de ainda deixar passar radiação, está se desfazendo com o tempo. Projeto para um “sarcófago nuclear” definitivo para Chernobyl já existe e consiste em uma gigantesca estrutura metálica que barraria a radiação e permitiria o desmonte do reator queimado. Está orçado atualmente em cerca de dois bilhões de euros (cerca de R$ 4,5 bilhões), mas ainda faltam 740 milhões de euros (R$ 1,67 bilhão).

A verba, a princípio, viria da União Europeia (UE) e do chamado G-8, o grupo dos sete países mais ricos do mundo, mais a Rússia. E é justamente de Moscou que está vindo o maior entrave o país que se considera sucessor da antiga União Soviética que tem vindo o maior problema. Enquanto investe milhões de euros na construção de novas usinas nucleares pelo país, o governo russo faz corpo mole quando o assunto é Chernobyl. O jogo de empurra entre UE e Moscou é relatado em matéria da revista alemã Der Spiegel (tradução em português disponível para assinantes do portal UOL).

Enquanto isso, outro debate sobre Chernobyl está em pauta na Ucrânia. É a intenção do governo de transformar a região em um destino turístico, com o objetivo de conscientizar sobre os riscos da radiação nuclear. Para este ano está prevista a abertura da zona de exclusão em torno da usina e, com isso, criar rotas informativas que não ofereçam risco aos visitantes. À margem da lei, no entanto, outras empresas promovem rotas, digamos, mais “ousadas” para conhecer Chernobyl. Uma viagem in loco à velha usina pode ser conferida em matéria da revista Trip.


Com ou sem turistas, com ou sem sarcófagos nucleares, a tragédia de Chernobyl selou o destino de Pripyat e outras localidades vizinhas, pelo menos pelos próximos 975 anos. Uma investigação da ONU calculou em 4 mil o número de vítimas da tragédia, entre casos já comprovados e futuros, especialmente em decorrência do câncer provocado pela radiação. A ONG Greenpeace, no entanto, eleva essa estimativa para 93 mil.

Nenhum comentário: