segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

As cicatrizes da Bósnia

11 de julho. Este é o dia escolhido pelo Paralmento Europeu para relembrar o massacre de Srebrenica, durante a Guerra da Bósnia (1992-1995). Na ocasião, forças bósnio- sérvias mataram cerca de 8000 muçulmanos civis, e um dos erpisódios mais sangrentos da história recente da Europa, e o pior massacre no continente europeu após o Holocausto.Segundo a B92, o dia será um passo em direção à reconciliação da região dos Bálcãs com a Bósnia.

http://www.b92.net//eng/news/crimes-article.php?yyyy=2009&mm=01&dd=15&nav_id=56447

Ainda hoje a Bósnia carrega as cicatrizes da guerra que se seguiu após sua independência da antiga Iugoslávia. A Bósnia representa uma grande ferida aberta nos Bálcãs. Um dos comandantes do massacre, Radovan Karadžić, ex-líder politico dos bósnio-sérvios, foi capturado no fim de 2008 em Belgrado e atualmente responde por crimes de guerra no Tribunal de Haia, Holanda. Já Ratko Mladić, comandante militar da operação, ainda se encontra foragido, provavelmente na Sérvia, o que é motivo de pressão internacional sobre Belgrado, para que colabore na captura de Mladic – o governo sérvio é acusado de não dar a devida colaboração ou até mesmo de acobertar o ex-líder militar.

As cicatrizes também se fazem presentes na economia e na constituição política do país. A guerra dizimou a infra-estrutura bósnia, que ainda convive com outro problema: a pesada burocracia estatal. O motivo maior está no Acordo de Daytona, qûe pôs fim à guerra civil no país, e que criou duas regiões autônomas, a Federação Croata-Muçulmana e a República Sérvia. O resultado é um setor público inchado, presidido por mais de 160 ministros.Os moradores brincam que, se você for à rua Marshal Tito, no centro de Sarajevo, e gritar "ministro", 50 pessoas vão virar a cabeça."Esse exagero de membros do setor público está impedindo o crescimento", disse Irena Jankulov, economista do FMI de Sarajevo. Os desafios econômicos da Bósnia são tema desta matéria do Herald Tribune (traduzida para o português pelo portal UOL), que pode ser lida por meio do link abaixo:

http://noticias.uol.com.br/midiaglobal/herald/2009/02/04/ult2680u789.jhtm

A tensão existente entre as etnias que habitam o país, e que ficam explícitas pelas duas repúblicas autônomas já citadas que compõem a federação bósnia, são outro fator que aumenta o desafio de se constituir um ambiente propício para o crescimento do país. Há quem aposte que o crescimento econômico ajude na resolução dos problemas do país, se sobrepondo às diferenças étnicas. A atual crise econômica global torna-se mais um elemento a conspirar contra a Bósnia, nesse caso.

Ainda assim, segundo a reportagem do Herald Tribune, além dos problemas econômicos, a necessidade maior da Bósnia é de superar seu passado de guerras, genocídio e fragmentação. Para tanto, precisa reformar sua imagem, criar uma identidade verdadeiramente nacional, congregando não apenas os bósnio-muçulmanos, mas também croatas católicos e sérvios cristãos ortodoxos. Um desafio e tanto, ainda mais se pensarmos que a ideia de criar uma identiddade nacional em muitas vezes acaba associada a medidas xenófobas e o fato de a nação estar localizada nos Bálcãs, região instável historicamente em todos os sentidos.

Mas sobretudo, para encontrar essa sua identidade, a Bósnia precisa achar um ponto de equilíbrio para sua sociedade multiétnica. Caso consiga tal objetivo, certamente servirá como exemplo para toda a região. Se as grandes potências realmente desejam ver a estabilidade política e econômica reinar nos Bálcãs após tantos séculos, é fundamental ajudar a Bósnia nessa tarefa árdua, mas não impossível, de enfim superar as cicatrizes do país. Com auxílio à economia e punição aos responsáveis pelos genocídios que mataram mais de 100 mil pessoas na guerra que assolou o país na década passada. E com crise econômica global ou sem ela.

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