terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Sinal amarelo na Bósnia

Após a independência do Kosovo em 2008, é possível o surgimento de um novo país no cenário internacional? Em se tratando de Bálcãs, essa possibilidade nunca pode ser descartada.

Um dos locais candidatos a ser a nova “bola da vez” é a chamada Republica Srpska, ou República Sérvia da Bósnia, uma das duas entidades que compõem a federação bósnia, ao lado de outra república, a Muçulmano-Croata. Essa divisão, para lá de complexa, foi estabelecida pelo Acordo de Dayton, em novembro de 1995, que encerrou a Guerra da Bósnia. Mas ela já mostra sinais de esgotamento.

Quem chama a atenção para o problema é uma matéria do jornal britânico “The Times” (http://www.timesonline.co.uk/tol/news/world/world_agenda/article6987866.ece#cid=OTC-RSS&attr=6986833).
No Brasil, o blog Radar Global repercutiu o texto:
http://blogs.estadao.com.br/radar-global/bosnia-vive-temor-de-novo-conflito/

O líder servo-bósnio Milorad Dodik iniciou recentemente sua campanha eleitoral com a promessa de levar adiante um referendo propondo a separação da região onde os sérvios bósnios vivem, conhecida como República Srpska, do restante da Bósnia. Aseleições no país estão marcadas para o próximo semestre.

Os sérvio-bósnios consideram que o reconhecimento da independência unilateral do Kosovo abre precedente para que novos parâmetros sejam levados em conta para outros processos de secessão. Nesse caso, seguindo tal raciocínio, a República Sérvia da Bósnia teria o direito de decidir, por meio de um plebiscito, seu futuro como parte da Bósnia e reivindicar a independência.

Uma resolução nesse sentido foi aprovada pelo Parlamento sérvio-bósnio já em 21 de fevereiro de 2008, poucas semanas após a proclamação de independência kosovar. E agora ganha novo fôlego com a campanha de Dodik.

Outro ingrediente nesse caldeirão é a pretensão da Bósnia de ingressar na UE, sonho de consumo dos países balcânicos e que se tornou mais palpável a partir do ingresso da Eslovênia no grupo, em 2004. Para tanto, a Bósnia tem o desafio de manter o país unido – tarefa hercúlea, já que não há uma grande integração entre as entidades que compõem a federação bósnia.

Em 2010, alem da eleição, completam-se 15 anos do massacre de Srebrenica, o maior genocídio em solo europeu desde o fim da II Guerra Mundial. Poderia ele ser usado na retórica de líderes bósnio-croatas contra os sérvio-bósnios? Nada pode ser descartado.

Apesar de em geral ficarem à margem do cenário internacional, os Bálcãs podem voltar a ser palco de um conflito em breve. O sinal amarelo já foi acionado.

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