terça-feira, 26 de abril de 2011

Chernobyl faz 25 anos e Leste europeu ainda aposta em energia nuclear

O dia 26 de abril de 1986 entrou para a história como a data do pior acidente nuclear já ocorrido, na antiga usina de Chernobyl (ou Tchernobil, como queira), na ex-União Soviética, atualmente em território ucraniano. Os fantasmas relacionados aos 25 anos do fato, porém, foram despertados mais cedo devido ao vazamento na central de Fukushima, ocorrido após o terremoto e tsunami de 11 de março no Japão.


O episódio trouxe de volta à pauta internacional o debate sobre os prós e contras do emprego da energia atômica. Mas, ao mesmo tempo em que as manifestações contrárias às usinas atômicas ganham força, o movimento inverso também ocorre.


                                          Crédito: Wikimedia Commons


O epicentro da discussão está na Europa, continente que concentra o maior número de usinas em operação. Países como Alemanha e Áustria, nos quais há um forte apelo contra a energia atômica, pedem a revisão das instalações nucleares. A Áustria, inclusive, país-sede da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), pediu o fechamento de usinas na Eslováquia e na Eslovênia, afirmando que as condições das centrais eram inadequadas. A pressão da UE já levou a Lituânia a fechar Ignalina, a única usina do país e que já chegou a responder por 80% da energia consumida na ex-república soviética.

O exemplo lituano, no entanto, é raro. E a tendência dos governantes nos países do leste europeu é de aumento nos investimentos em energia nuclear, mesmo com o acidente em Fukushima. A começar pela própria Ucrânia que, além de transformar as ruínas de Chernobyl em atração turística, conta com quatro usinas em operação e pretende triplicar o número até 2030. A Rússia, com dez centrais ativas, quer chegar a 26 em 2030. Eslovênia e Eslováquia não dão ouvidos às críticas da Áustria, insistem que suas centrais nucleares são seguras e também apostam na expansão do modelo, a exemplo de Hungria, Romênia, Bulgária...E outras nações ainda de fora do clube atômico, como Belarus, Polônia e Turquia, devem ingresar nele nos próximos meses.

Mas o invenstimento em alta em torno da energia nuclear no leste europeu não basta para esconder seus “efeitos colaterais” no caso de alguma falha. Apesar da abertura para o turismo, os arredores de Chernobyl seguem condenados a um futuro praticamente estéril e o destino dos restos do reator destruído continua indefinido, como lembra post anterior deste blog.

A cidade fantasma de Pripyat, vizinha à Chernobyl é um bom exemplo do que pode acontecer no caso de um vazamento nuclear como o ocorrido na velha central ucraniana.

Entre a aposta de que a energia nuclear é limpa e viável e os temores de ambientalistas a respeito do tema, fato é que o átomo continuará a ser objeto de intenso debate nas próximas décadas - especialmente com o esgotamento já previsto de outras matrizes energéticas, como o petróleo. A grande certeza é que a humanidade ainda está muito longe de "domesticar" a energia nuclear, seja na garantia total de segurança no manejo do material radioativo, seja no que fazer com seus dejetos, seja na forma com a qual os governos de todo mundo tratam do tema com a sociedade.

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