domingo, 21 de novembro de 2010

Vukovar, uma versão croata de Srebrenica

Se o dia 11 de julho de 1995 é lembrado com pesar pelos bósnios devido ao massacre em Srebrenica, a Croácia tem sentimento semelhante quanto ao dia 18 de novembro de 1991. Naquele dia, a pequena cidade de Vukovar, próxima à fronteira com a atual Sérvia, sucumbiu a um cerco formado por tropas sérvias que durou três meses. Cerca de 200 pessoas morreram na ação.


O episódio foi um dos mais críticos da guerra de independência da Croácia, iniciada em 1991 e encerrada oficialmente somente com o acordo de paz de Dayton, em novembro de 1995.



Claro, a dimensão do cerco e ataque a Vukovar foi menor do que o ocorrido quatro anos depois na Bósnia, mas foi o suficiente para, na época, a Comunidade Europeia (atual UE) adotar sanções contra a Sérvia.
A pequena cidade croata hoje conta com apenas cem habitantes. No bairro de Ovcara, onde foram encontradas valas comuns com pelo menos 264 corpos, foi erguido um memorial às vítimas do cerco.



O presidente sérvio, Boris Tadic, foi o primeiro governante do país a visitar o memorial, no último dia 4 de novembro. Na ocasião, pediu desculpas pelo ataque, que matou quase 200 civis e prisioneiros de guerra croatas.

O gesto histórico de Tadic, o primeiro governante sérvio a visitar Vukovar, é de fato um importante passo em direção à reconciliação entre os dois povos. Ambos sonham com o ingresso no UE – até agora só a Eslovênia já chegou lá, entre as ex-repúblicas iugoslavas – e alimentar as rusgas entre os dois países seria ruim para ambos.

As diferenças, contudo, ainda são fortes e com profundas raízes dos dois lados. Por exemplo, nunca é demais lembrar que, na Sérvia, chamar alguém de “croata” é uma grave ofensa.

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