quarta-feira, 6 de julho de 2011

Djokovic, novo herói nacional da Sérvia

"Eu não sei como agradecer Novak o suficiente por tudo o que ele tem feito pela Sérvia e pelo nosso povo. Eu não consigo descrever o que seu sucesso significa para nosso país. É um exemplo de como trabalho duro e disciplina são importantes para atingir metas". Foram com essas palavras que Boris Tadic, presidente da Sérvia, tentou descrever o que significam as conquistas de Novak Djokovic para o país. E o último final de semana foi categórico nesse sentido.


Também conhecido como Nole, seu apelido de infância, Djokovic se tornou o primeiro sérvio e o 25° tenista a assumir o topo do ranking mundial da ATP após se classificar para a final do Aberto de Wimbledon, um dos mais tradicionais da modalidade. A nova conquista foi coroada com outra, o título do torneio britânico, no último dia 3 de julho – partida que foi acompanhada por Tadic, o presidente sérvio.



Além de uma fase espetacular na carreira – venceu 48 dos últimos 49 jogos que disputou e ajudou a Sérvia a conquistar pela primeira vez a Copa Davis, o Mundial de seleções do tênis –, Djokovic ganha importância no país que transcende as fronteiras do esporte, colocando-o literalmente no patamar de novo herói nacional. Irreverente e lembrado pelas imitações que fazia de outros tenistas, também estrela campanhas publicitárias e pode ainda ter sua imagem estampada em cédulas de dinar (o dinheiro local). Mas um outro lado menos conhecido internacionalmente do esportista sérvio, mas de grande importância dentro da sociedade sérvia: sua ligação com o Kosovo.

A região que desde 2008 tenta ver sua declaração de independência reconhecida na comunidade internacional é a terra natal da família paterna de Djokovic, que se mudou para Belgrado em 1983, três anos antes do nascimento do tenista. Em várias entrevistas concedidas à TV sérvia, Novak fala sobre essa ligação pessoal com a antiga província e que “O Kosovo é parte da Sérvia”. No depoimento abaixo, de 2007, ele declara que o “Kosovo está em seu coração e no de todos os sérvios” e completa se dizendo esperançoso de ver um dia “a solução para esta difícil situação” (legendas em inglês):



Ainda na mesma entrevista, Djokovic dá outra declaração que coloca numa posição bem diferente dos nacionalistas tradicionais do país, ao dizer que "sérvios e croatas são o mesmo povo, mas que infelizmente foram separado por causa de desentendimentos políticos e guerras".

Se todos os heróis nacionais sérvios fossem como Djokovic, a ex-república iugoslava certamente estaria muito melhor, seja interna como externamente. Mas ascensão de “Nole” a esse patamar é uma mostra clara de como o país tenta mudar sua imagem frente à comunidade internacional, sem abandonar as convicções nacionais que dão unidade a um povo que durante toda sua história foi marcado pela divisão.

Crédito da foto: Wikimedia Commons

Um comentário:

Jorge Monteiro disse...

Ele é um tenista diferenciado de fato, e merece estar onde chegou, vida longa para Djokovic.
Bom texto
abs