sábado, 7 de janeiro de 2012

Hungria, nova dor de cabeça para UE

Oficialmente, Belarus é a última ditadura da Europa. Mas na realidade, bem no coração do continente, um país pertencente à União Europeia vem adotando medidas de fazer inveja a muitos regimes totalitários e que contrariam todos os princípios defendidos pelo bloco. É a Hungria, que deu uma guinada à extrema-direita sob o comando do primeiro-ministro Viktor Orban.



Apontado como “herói” da libertação do país frente à influência soviética, o premiê é do partido Fidesz, representante da direita conservadora e que detém nada menos que dois terços do Parlamento nacional. Orban ainda é vice-presidente do PPE, uma espécie de clube dos partidos conservadores europeus.

Um fato serve para ilustrar bem a situação: no primeiro dia do ano entrou em vigor uma nova Constituição que acabou com a independência do Judiciário, da Suprema Corte e do Banco Central do país. O atual governo ainda criou mecanismos de censura à imprensa, aumentando a lista de medidas que vem deixando a comunidade internacional cada vez mais preocupada com os rumos do país.

Como se não bastasse o grande poder acumulado pelo Fidesz, existe ainda um partido ainda mais extremista, o Jobbik, que obteve significativos 15% dos votos na última eleição. O grupo criou uma milícia paramiliar chamada Guarda Húngara, que usa uniforme inspirado nos fascistas da década de 1940 e é suspeito de perseguir e matar ciganos no país.



Para piorar, a Hungria é mais um país da União Europeia sob grave crise econômica. Com dívidas de 20 bilhões de euros a serem pagas em 2012, o próprio premiê Orban admite que o país pode quebrar se não receber ajuda do bloco e do FMI, mas se nega a negociar condições para o resgate.

A crise torna o ambiente ainda mais propício para a disseminação de ideias xenófobas. E uma das sanções estudadas pela UE contra Budapeste, a de cortar subsídios enviados mensalmente pela entidade ao país para forçar o governo a voltar atrás nas medidas autoritárias, pode ter exatamente o efeito inverso do esperado por Bruxelas.

Crédito da fotos: Wikimedia Commons

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