sábado, 4 de setembro de 2010

Beslan, seis anos

O dia 1º de setembro de 2004 ficou marcado como um dos mais sangrentos da historia recente da Rússia. Nessa data, grupo de 30 terroristas islâmicos tchetchenos e árabes invadiu uma escola em Beslan, uma pequena cidade da Ossétia do Norte com cerca de 30 mil habitantes na região sul do país. Era o primeiro dia do ano letivo russo.

Os terroristas submeteram um grupo de cerca de 1.200 pessoas mais de mil pessoas a três dias sem água e sem comida. Para enfrentar o calor, as crianças tiraram suas roupas. Eles não podiam comer ou tomar água e quem tentasse beber no vaso sanitário era metralhado.

No dia 3 de setembro, aconteceu o pior. Uma explosão derrubou o teto do ginásio no qual se encontravam os reféns e terroristas. Alguns parentes das vítimas e testemunhas garantem que a explosão foi resultado de um tiro de canhão de um dos carros de combate que cercavam a escola. Outros afirmam que as forças de segurança usaram lança-chamas. Ao final da ação, 334 pessoas – 186 delas, crianças – morreram. Somente um terrorista, Nurpashi Kulayev, foi capturado com vida, sendo depois julgado e condenado a prisão perpétua.



O ataque foi fortemente condenado pela comunidade internacional. Mas, seriam os terroristas os únicos responsáveis pela tragédia? Ou o governo russo também teve sua parcela de culpa?

"Os culpados nessa tragédia não são apenas os terroristas, mas aqueles que deveriam tê-los parados, os generais. E as autoridades que os apoiam, elas não permitem qualquer investigação (independente)", afirmou Ella Kesayeva, membro do grupo Voz de Beslan. A filha dela, então com 12 anos, sobreviveu à chacina, mas dois sobrinhos e o cunhado, não.

Poucos sobreviventes ou parentes das vítimas acreditam que houve mudanças significativas desde então. Poucos estão satisfeitos com as investigações oficiais, que em grande parte colocaram a culpa do incidente sobre os terroristas e absolveram a polícia da culpa por não evitar o massacre. Em se tratando de Rússia, desconfiar da disposição do governo de averiguar o que de fato ocorreu em Beslan é mais do que necessário para evitar que a tragédia, ocorrida a seis anos, venha a cair no esquecimento.

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