quinta-feira, 26 de março de 2009

Quebradeira, crise e sombras sobre o Leste europeu

A crise também atinge com força os países do Leste europeu. Três governos já sucumbiram aos seus efeitos. Reportagem do jornal espanhol El País relatou o problema de forma bastante ampla (Abaixo, links para a matéria em espanhol e a versão traduzida para o português pelo UOL).

http://www.elpais.com/articulo/internacional/turbulencias/economia/hacen/caer/gobiernos/Europa/elpepuint/20090325elpepuint_12/Tes

ou

http://noticias.uol.com.br/midiaglobal/elpais/2009/03/26/ult581u3128.jhtm

Em grande parte financiados por investimentos estrangeiros, potencializados com a entrada de alguns destes países na UE (União Europeia), a crise tem sido especialmente dura com os países do Leste, que devem grande parte de seu crescimento nos últimos anos ao ingresso na UE. Déficits públicos somados a vultuosas dívidas externas em euro, somadas à já costumeira instabilidade política desses países, são um prato cheio para um cenário de crise generalizada, com a economia estagnada de um lado e os protestos populares de outro – gerando sérios distúrbios sociais.

Governos de três países já caíram em virtude da crise econômica e de seus derivados políticos e sociais: Letônia, Hungria e, mais recentemente, da República Tcheca. Os dois primeiros, junto com a Romênia, já recorreram ao FMI para tentar obter algum alívio contra a escassez de crédito internacional e evitar um colapso econômico.

Outros países da região ainda conseguem enfrentar com relativa tranqüilidade a atual crise, como Polônia, Eslovênia, Eslováquia e até mesmo a República Tcheca, como mostra matéria da AFP abaixo:

http://www.google.com/hostednews/afp/article/ALeqM5hpKbiWDfJvlftydO50GGZ0gcKtDw


O cenário atual dá margem para uma série de questionamentos. Teria sido um passo maior do que a perna para a UE aceitar o ingresso de dez novos países de uma vez (a maioria deles do Leste) em 2004, e da Bulgária e Romênia em 2007? Na Alemanha, já há a intenção de barrar a entrada de novos países na UE, o que desagrada as nações balcânicas – teoricamente, as próximas a se juntarem ao bloco.

Para os que ainda não entraram no bloco, como a Sérvia (que precisou de US$ 4 bilhões do FMI para reforçar o dinar, moeda nacional que já perdeu 25% de seu valor nos últimos meses), ainda vale a pena esse ingresso ou a atual crise é uma mostra de que o sonho acabou e que a UE não é o melhor caminho para os países do Leste?

Esse tipo de debate deve aparecer não apenas no Leste, mas também na Europa Ocidental, grande financiadora dos países do Leste europeu visando fortalecer suas economias e, consequentemente as suas próprias e do bloco como um todo. Mas com os parceiros do Leste sem ter como pagar as dívidas, os do Oeste não têm de quem receber. Ou seja: quem vai pagar as contas, quando e como?

Está formado um cenário que é difícil saber onde vai dar, mas que as conseqüências diretas e imediatas desse balde de água fria na economia europeia serão bastante duras. E não adiantará a adoção de uma fórmula mágica para todos. Para cada doente será uma receita médica diferente. E ao mesmo tempo em que cada qual terá que fazer por si para superar a crise, não será possível fazer de conta de que se vive em uma ilha e tentar fazer tudo sozinho. Aí está a globalização, para o bem e para o mal. E é com ela presente que todos os países do globo tentarão, cada um fazendo por si e em conjunto, superar a atual fase - mesmo que o atual modelo econômico se torne letra morta num futuro próximo, o que em tempos de crise geral como a atual, não chegaria a ser uma surpresa.

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