domingo, 11 de julho de 2010

"Marcha da Morte" vira "Marcha da Paz" na Bósnia

Uma das formas encontradas na Bósnia de homenagear as cerca de 8.000 vítimas do massacre na cidade de Srebrenica, que completa 15 anos hoje, 11 de julho, foi a organização de uma marcha anual em direção à cidade, batizada de “Marcha da Paz”. O evento, que chega à sexta edição em 2010, é uma alusão a um dos episódios que se seguiram ao genocídio na cidade, conhecido como “Marcha da Morte”.



Logo após a queda de Srebrenica frente às tropas sérvias, cerca de 12.500 bósnio- muçulmanos tentaram fugir da cidade em direção a Tuzla, que estava sob controle da ONU. No caminho, em grande parte sob mata fechada, muitos acabaram encurralados e mortos por forças sérvias. Após dois meses, apenas 5.000 chegaram ao destino final porque conseguiram se esconder na floresta. O mesmo caminho percorrido pelos sobreviventes é retomado em sentido contrário pelos participantes da Marcha da Paz, com ponto final em Srebrenica – entre os quais também há remanescentes da marcha de 1995.



O ponto de partida do evento, com 110 quilômetros de extensão e percorrido em três dias, é o vilarejo de Nezuk, de onde os participantes saem no dia 8 de julho. O destino final, no dia 11, é o memorial de Potocari, já em Srebrenica, local onde ocorreu o massacre. Ao final da Marcha, os participantes assistem a uma cerimônia na qual são enterrados no memorial os corpos de vítimas do massacre que foram encontrados em valas comuns e identificados ao longo do ano. Em 2010, serão 780 pessoas, contra 572 de 2009.

São esperados 5.000 participantes neste ano, segundo Camil Durakovic, organizador da marcha e vice-prefeito de Srebrenica. Em 2009, cerca de 4.000 pessoas cumpriram os 110 km do percurso.



O evento chamou a atenção do então estudante de jornalismo brasileiro Gustavo Silva, que esteve na Bósnia entre junho e julho de 2009 justamente para um trabalho de conclusão de curso sobre o massacre de Srebrenica. Ele aceitou o convite feito por um dos organizadores da Marcha e cumpriu todo o trajeto. A experiência será descrita por Silva em um livro, a ser lançado em breve. Amanhã, uma entrevista com ele estará neste blog

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