terça-feira, 12 de outubro de 2010

Homofobia, intolerância e vandalismo na Sérvia

Evento corriqueiro em diversas cidades pelo mundo, a realização de uma Parada Gay foi o motivo de um confronto que transformou Belgrado, a capital da Sérvia, em uma praça de guerra. O desfile acabou como destaque na imprensa internacional por causa da violenta manifestação contrária à parada, e não pela marcha em si.

Cerca de mil pessoas participavam da marcha, no último domingo. O evento era cercado de grande expectativa na Sérvia, já que, nos dias anteriores à Parada, cartazes contrários ao evento e ofensivos aos homossexuais estavam espalhados por Belgrado e outras cidades sérvias. Um forte esquema de segurança, composto por 5 mil policiais, foi preparado para a marcha – e logo percebeu-se que tal medida era necessária.

Antes do início da Parada Gay, aos gritos de “morte aos homossexuais”, cerca de 6.000 pessoas atacaram policiais com pedradas, garrafas e tijolos em diferentes acessos às ruas do desfile, no centro da cidade, onde ficam prédios de várias instituições públicas. Nos confrontos entre policiais e homófobos, 158 pessoas ficaram feridas, a maioria delas policiais. Prédios públicos e veículos foram depredados durante o confronto. Ao final, 249 pessoas foram presas.



A cena, na verdade, é uma repetição do que ocorreu na cidade em 2001, ano em que ocorreu a última parada do tipo em Belgrado. Na época, também foi alvo de manifestantes contrários à realização da marcha. A violenta reação dos homófobos provocou a suspensão da Parada Gay de Belgrado, que voltou a ser realizada neste ano.

Entre os manifestantes homófobos estão arruaceiros de grupos que já costumam provocar problemas em outras ocasiões, como integrantes de torcidas organizadas de futebol e de grupos de extrema-direita. Entre eles o ultranacionalista Obraz, comandado por Mladen Obradović, já responsável por outros atos violentos no país.

A Igreja Ortodoxa Sérvia, bastante influente no país, manifestou-se contrária ao desfile, mas condenou a violência dos extremistas.

Enquanto o debate sobre os direitos dos homossexuais avança em diversas partes do mundo, ainda engatinha na Sérvia, mesmo quando comparado a países vizinhos. Nos Bálcãs, as capitais Zagreb (Croácia) e Ljubljana (Eslovênia) já sediam edições regulares do movimento. Na Sérvia, uma pesquisa de opinião recente revela que 67% da população acredita que o homossexualismo é uma doença; para 56%, o homossexualismo representa um perigo para a sociedade; e 49% dizem que nunca tolerariam um membro gay na família.

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